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Miguel Díaz-Canel |
Via Portal
DW
Nomeado no domingo, dia 24, vice-presidente
cubano, Miguel Díaz-Canel tem 52 anos, idade suficiente para acumular bagagem política,
mas que lhe dá status de jovem em meio aos octogenários heróis da revolução. É tido
como homem de confiança de Fidel e Raul e uma figura de “sólida firmeza ideológica”,
como o próprio Raul o define.
A opção por um político mais jovem
era considerada necessária num regime que há mais de meio século é comandado praticamente
pela mesma geração. Raul Castro tem 81 anos e deixou claro que pretende ficar na
presidência só até 2018. Com isso, deverá caber a Díaz-Canel, agora número 2 de
Cuba, dar seguimento a essa transição.
“Sentimos uma confiança serena para
entregar às novas gerações a possibilidade de seguir construindo o socialismo”,
disse Raul, após apresentar uma série de outros dirigentes mais jovens que vão integrar
a cúpula do governo.
O presidente cubano ainda elogiou
Díaz-Canel e disse que ele é um político adequado para garantir a “continuidade”
e a “estabilidade” em caso de qualquer eventualidade na ilha “devido à perda do
dirigente máximo”.
Para Carlos Eduardo Vidigal, professor
do curso de História da Universidade de Brasília (UnB), a mudança tem o sentido
de não provocar nenhuma aceleração de uma eventual abertura política. “De forma
cuidadosa, foram indicados os elementos mais fiéis ao projeto original do socialismo
cubano”, destaca.
De caráter institucional, a escolha
de Díaz-Canel como vice-presidente é diferente das realizadas por Fidel Castro,
que identificava e indicava novos líderes.
“Desta vez foi feito um processo passo
a passo por meio de políticas institucionais”, afirma Arturo López-Levy, professor
de economia e política latino-americana na Universidade de Denver, nos Estados Unidos.
“Este momento representa uma mudança de grande magnitude, quer dizer, na alta cúpula
do país.”
A mudança de gerações começou há cerca
de cinco anos, quando quase a totalidade do Conselho de Ministros e dos chamados
Comandos Regionais Militares foi renovada.
Político de carreira
Díaz-Canel teve uma carreira clássica
dentro do Partido Comunista de Cuba (PCC). Chegou a ser líder regional da União
dos Jovens Comunistas e entrou no seleto bureau político da legenda por sugestão
do próprio Raul Castro, em 2003.
Na ocasião, o atual presidente, então
ministro das Forças Armadas, elogiou publicamente o político original de Villa Clara,
localizada no centro da ilha, como um “jovem companheiro” e de “sólida firmeza ideológica”.
Em 2009, ele foi nomeado ministro
da Educação Superior, cargo que deixou em março de 2012 para ocupar uma das vice-presidências
do Conselho de Ministros, o órgão executivo máximo da ilha.
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Fidel e Raul na Assembleia Nacional.
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As especulações sobre a ascensão de
Díaz-Canel cresceram nos últimos meses: ele havia aumentado suas aparições públicas
na ilha e recentemente foi visto ao lado de Raul Castro na cúpula entre a Comunidade
dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, em Santiago
do Chile.
Engenheiro eletrônico de formação,
Díaz-Canel não demonstrou até agora grandes dotes de orador e não chama a atenção
pelo carisma ou pela liderança política, mas pela lealdade. Seu alinhamento sem
fissuras com o governo comunista da ilha parece sólido.
Para López-Levy, Díaz-Canel tem força
suficiente para assumir a função e possui dois aspectos positivos: tem 30 anos de
vida política dentro do PCC e participou de diversas etapas do processo político
cubano.
“Ele não tem por que ser neste momento
um líder contagiante como Fidel Castro. Líderes carismáticos são resultados de momentos
históricos carismáticos. Ele tem carisma suficiente para assumir a função”, frisou.
O novo homem forte do governo vai
substituir José Ramón Machado Ventura, de 82 anos, que participou da Revolução Cubana.
Segundo a lógica da ilha caribenha, Díaz-Canel aparece como o candidato com maior
probabilidade de suceder, dentro de meia década, o atual presidente Raul Castro.
Autor: Fernando Caulyt; revisão: Rafael Plaisant Roldão
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