Vilma Espín 85 anos: PRESENTE

Vilma
Lucila Espín Guillois nasceu em Santiago de Cuba em 7 de abril de
1930 e morreu em Havana em 18 de junho de 2007.
Vilma
foi uma importante personalidade do movimento revolucionário cubano.
Heroína da República de Cuba e presidente fundadora da Federação
de Mulheres Cubanas (FMC) em 1960.
Com
o nome de guerra “Deborah” foi uma notável combatente
clandestina sob as ordens de Frank País García, em especial durante
o levantamento do 30 de novembro de 1956, em Santiago de Cuba.
Ligou-se
ao Exército Rebelde na Sierra Maestra, quando a sua vida correu
extremo perigo na insurreição urbana. Engenheira química, cumpriu
funções no exercício dessa profissão.
A
partir de 1959 foi a principal coordenadora das ações políticas e
estatais para materializar o acesso pleno da mulher cubana aos seus
direitos.
Os
seus pais, José Espín y Margarita Guillois distinguiam-se pela
solidez dos seus valores éticos, base da orientação da formação
dos seus seis filhos Liliana, Vilma, Nilsa, Iván, Sonia e José
Alejandro.
Ambos
educaram os seus filhos com a influência dos seus próprios exemplos
de austeridade, sensibilidade humana e compreensão, sem nenhum tipo
de barreira pela origem social, racial ou religiosa. Inculcaram-lhes
o amor ao estudo e à leitura, à superação cultural e ao gosto
pelos esportes e a vida em contato com a natureza.
Vilma
fez os estudos primários na Academia Pérez Peña e os secundários
no Sagrado Corazón, escolas de sua cidade natal, graduando-se no
ensino médio em ciências, em 1948.
O
seu ingresso na recém criada Universidade do Oriente marcou o início
de uma etapa decisiva no desenvolvimento das suas ideias políticas,
que a distinguiram entre a mais avançada juventude combatente da sua
época.
Destacou-se
no Grupo Coral Universitário dirigido pelo italiano Juan Viccini.
Também
pertencia ao grupo de dança, já que desde pequena estudou balé,
destacava-se nos esportes, era a capitã da equipe de voleibol da
Universidade do Oriente.
Integrou
a Federação Estudantil Universitária Oriental (FEUO). Participava
em todas as manifestações da Universidade nas ruas de Santiago,
levando, sempre à frente, a bandeira que distinguia a sua escola de
engenharia.
Vilma
recebeu influências, durante a sua vida, de professores exilados
espanhóis, chegados a Cuba, depois da Guerra Civil, entre outros:
José Luis Galbe, que foi embaixador de Cuba em Roma, López Renduele
y Francisco Prat Puig, professor de apreciação artística.
Nas comemorações do fuzilamento dos Oito Estudantes de Medicina,
celebrada nos salões do Governo Provincial, Vilma cantou com o Coro,
onde se aproveitou para apoiar e desagravar o ex-presidente da
República da Venezuela, Rómulo Betancourt, que tinha sido deposto
por um Golpe de Estado. Também, com outros estudantes
universitários, levantou a sua voz em apoio ao movimento
independentista porto-riquenho e seu líder Pedro Albizu Campos.
A
17 de março de 1952, a FEUO tinha tomado posição dos estudantes
universitários orientais no que se refere ao Golpe de Estado,
tomando a firme decisão de não retomar as aulas enquanto não
fossem restauradas as garantias constitucionais, fechando as portas
durante 45 dias.
Vilma
participou no movimento político “La Invasión Constitucional de
Oriente a Mantua,” em exigência do restabelecimento da
Constituição de 1940, distribuiu proclamações por toda a cidade
de Santiago de Cuba, incitando o povo a deslocar-se à Universidade
no dia 8 de junho de 1952, ao comício de reafirmação patriótica e
celebração do cinquentenário da Independência.
Nesse
dia a FEUO convocou os estudantes e professores para jurar pela
Constitução de 1940. Vilma, com os restantes estudantes, participou
nesta ação, demonstrado a sua repulsa pela tirania.
Integrou
o Comitê Canal Via Cuba, juntamente com outros estudantes e
professores, repudiando o chamado projeto do Canal Via Cuba, que
pretendia dividir a Ilha em duas.
Em
Santiago de Cuba, pela morte do estudante universitário Rubén
Batista em Havana em 13 de fevereiro de 1953, declarou-se uma
paralisação de 72 horas dos docentes, provocando uma ampla
mobilização estudantil que se lançou nas ruas, colocando laços
negros nos cidadãos como expressão pública de sentimentos.
Houve
um acordo para realizar um enterro simbólico do primeiro mártir
estudantil até o Cemitério Santa Ifigênia. Os estudantes das turmas
da 2ª fase da FEUO participaram levando cartazes e estandartes.
Vilma ia presidindo esta manifestação.
A
26 de julho de 1953 realiza-se o assalto ao Quartel Moncada, ação
levada a cabo por um grupo de jovens dirigidos por Fidel Castro.
Ante
a repressão da tirania contra estes jovens, na casa de Vilma
escondeu-se Severino Rosell e também prestaram ajuda aos que se
encontravam escondidos no hospital de La Colonia Española.
Vilma
foi selecionada para participar no I e II Fórum Açucareiro, evento
levado a cabo pela Universidade do Oriente.
A
7 de dezembro participa na peregrinação que se realiza até a casa
dos Maceos.
A
14 de julho realizou o último exame na Universidade do Oriente,
licenciando-se como Engenheira Química Industrial, uma das duas
primeiras mulheres que em Cuba alcançavam esse título, terminando a
sua vida como estudante, mas não a sua vinculação com a que foi a
sua querida Universidade.
Desde
jovem assumiu posições políticas revolucionárias, participando
ativamente em manifestações estudantis, logo após o golpe de
Estado de 10 de março de 1952.
Foi,
desde então, inseparável colaboradora do líder revolucionário
oriental Frank País, militando nas organizações fundadas por ele
na luta contra a ditadura de Batista, até que os integrantes da Ação
Nacional Revolucionária, se juntaram ao Movimento Revolucionário 26 de julho (MR-26/7).
Integrada
nos preparativos da nova etapa da luta e após concluir um curso de
pós-graduação nos Estados Unidos, por orientação da Direção
do Movimento 26 de julho, fez escala no México para entrevistar-se
com Fidel Castro e receber as suas instruções e mensagens para os
combatentes que estavam na clandestinidade em Cuba.
Sob
as ordens diretas de Frank participou no levantamento armado de
Santiago de Cuba a 30 de novembro de 1956, em apoio aos
expedicionários do iate Granma, convertendo-se a sua casa, depois
desta ação relevante, em quartel general do movimento
revolucionário em Santiago de Cuba.
Nos
momentos mais difíceis da guerrilha dirigida por Fidel Castro, em
fevereiro de 1957, marchou ao encontro desta na companhia de Frank
País, Faustino Pérez y outros membros da Direção Nacional do
Movimento 26 de Julho, para coordenar o apoio e guiar o jornalista do
New York Times, Herbert Matthews à presença de Fidel.
A
publicação da entrevista que o jornalista fez com o líder da
guerrilha, deitaria por terra a propaganda de Batista sobre a suposta
morte de Fidel Castro.
Por
ser integrante da Direção Nacional do Movimento 26 de julho, pouco
tempo antes de Frank País ser assassinado, foi nomeada por ele como Coordenadora Provincial da organização clandestina na província
Oriente, tarefa que desempenhou com particular capacidade e valentia
até que se incorporou no Exército Rebelde, em junho de 1958,
convertendo-se em guerrilheira da Segunda Frente Oriental Frank País
e eficaz coordenadora do movimento clandestino do Oriente.
Os
contatos de Vilma Espín com a guerrilha iniciaram-se com a reunião
da Direção Nacional em fevereiro de 1957, à qual foi levada por
Frank País, que avaliava as qualidades de revolucionária que tinha
a jovem lutadora clandestina.
A
20 de julho de 1957, Vilma Espín, ascende à direção da luta como
coordenadora provincial do MR-26/7 e sobre ela recaiu a grande
responsabilidade do abastecimento às frentes guerrilheiras
existentes nesse momento.
A
partir daqui move-se, gere, organiza e dirige diferentes ações com
este fim, para o que estabeleceu um sistema de mensagens com a
participação entusiástica e decidida de outras mulheres e homens
do território.
Com
a morte de Frank País se assume a estrutura desenhada por ele, uma
delas que os coordenadores provinciais fizessem parte da Direção
Nacional. Assim, Vilma passa a ser membro da máxima direção da
luta.
Viajou
muitas vezes aos territórios guerrilheiros, para participar em
missões decisivas, entre elas as reuniões efetuadas nos primeiros
meses de 1958.
Em 22 de junho Raúl Castro, chefe da segunda frente guerrilheira Frank
País García, ditou a Ordem No. 30 que determinou a captura de
norte-americanos, conhecida como operação anti-aérea, ocasião em
que Vilma foi como intérprete das conversações do chefe
guerrilheiro com o cônsul norte-americano, devido aos seus
conhecimentos de inglês .
O
seu desempenho permitiu-lhe ser protagonista deste fato sem
precedentes e sobretudo permitiu que os participantes conhecessem a
envergadura do que estava a ocorrer na zona.
A
sua participação se moveu entre a vida militar e civil, fundamentalmente:
-
Presença na constituição de novas colunas;
-
Distribuição equitativa dos abastecimentos, tendo como premissa a
campanha de austeridade no gasto dos fundos da Revolução;
-
Fortalecimento dos Departamentos que constituiam a organização da Frente, muitos combatentes da Segunda Frente subiram através da sua
gestão;
-
Contribuição para o abastecimento de explosivos à fábrica de
armamento e gestão para a fórmula do fabrico de bombas;
-
Participação na codificação e decodificação das chaves
utilizadas como meio de comunicação eficaz.
A
21 de setembro del 1958, realizou-se o Congresso dos Camponeses em
Armas, estando Vilma na presidência, foi fundamental para a unidade
indestrutível com o campesinato.
O
desenvolvimento educacional contemplou a formação política dos
oficiais e por isso foi criada, no mês de setembro, a escola para
instrutores de tropas “José Martí”, adstrita ao Comando Geral.
Vilma fez parte do corpo de professores.
Com
Raúl foram padrinhos de eventos nupciais que se celebraram no
território pelo departamento de justiça.
A
tomada da sua querida cidade requereu importantes reuniões, em La
Rinconada, na usina América, em Tamarindo, usina Oriente e a de
santuário do Cobre, que não se realizou devido à traição do
general Eulogio Cantillo.
Anos
mais tarde ao ser questionada sobre o Exército Rebelde disse:
“… foi
uma escola, um imenso laboratório onde começaram as novas relações
sociais e os princípios da igualdade humana, da dignidade em que se
funda a nossa Revolução. Começamos a construir nas montanhas o que
aspirávamos para todo o país”.
Com
o triunfo da Revolução Cubana em 1 de janeiro de 1959, Vilma
encabeçou a unificação das organizações femininas, constituindo
a Federação de Mulheres Cubana em 23 de agosto de 1960, cuja
organização, desde a sua máxima direção se consagrou com
singular empenho até o último minuto da sua vida.
Vilma
integrou o Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC) desde a
sua fundação em 1965, condição em que foi ratificada em todos os
seus Congressos.
Em
1980, por ocasião do Segundo Congresso do Partido Comunista de Cuba,
foi eleita membro suplente do Bureau Político e no Terceiro foi
promovida a membro efetivo dessa instância de direção,
responsabilidade que desempenhou até 1991.
Foi
Deputada na Assembleia Nacional do Poder Popular desde a sua primeira
legislatura e membro do Conselho de Estado desde a sua constituição.
Vilma
presidiu, desde a sua criação, a Comissão Nacional de Prevenção
e Atenção Social e a Comissão para as Crianças, Juventude e a
igualdade dos direitos da Mulher, da Assembleia Nacional do Poder
Popular.
Pelos
seus relevantes méritos recebeu múltiplas condecorações, títulos
e ordens nacionais e internacionais, entre as quais se destaca o
título honorífico de Heroína da República de Cuba.
Vilma
morreu em 18 de junho de 2007, em Havana, devido ao agravamento de uma
doença que a perseguia já a algum tempo.
Os
seus restos descansam no Mausoléu da Segunda Frente Oriental Frank
País, lugar histórico situado perto da montanha de Mícara,
inaugurado pelo presidente cubano, Comandante-em-Chefe Fidel Castro
Ruz, em 11 de março de 1978, por ocasião do XX Aniversário da
criação da Segunda Frente, fundada e dirigida por Raúl Castro durante a luta na Sierra Maestra.
Vilma
Espín era casada com Raul Castro,
teve quatro filhos e sete netos.
A
sua filha, Mariela Castro Espín, lidera atualmente o Centro Nacional
Cubano para a Educação Sexual.
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